História das mulheres na política
A figura das mulheres na política brasileira começou a surgir
em 1932, há menos de um século, quando algumas mulheres - casadas, com
autorização dos maridos e viúvas e solteiras com renda própria - conquistaram o
direito de irem às urnas. Entretanto, somente em 1934 o código eleitoral deixa
de ter restrições ao voto feminino, tornando-o direito de todas, mesmo sem o
tornar obrigatório.
Essa obrigatoriedade continuou sendo contestada por, pelo
menos, mais uma década, já que na Constituição de 1946 o voto
feminino se tornava obrigatório para todas, com exceção daquelas que não
exerciam atividade remunerada. Ou seja, para uma época que as mulheres ainda
eram encaradas pela maioria como submissas aos homens, a mudança pouco surtiu
efeito.
A equiparação dos votos femininos e masculinos só aconteceu
efetivamente em 1965, quando os direitos eleitorais de homens e mulheres foram
realmente equiparados por lei. Apesar dos avanços que foram sendo obtidos desde
o início do século, a luta feminina ainda segue sem conseguir conquistar um
espaço que represente a totalidade das mulheres brasileiras, já que elas são a
maioria da população.
Câmara dos Deputados
Foi em meio a tantas mudanças que em 1933 Carlota Pereira se
tornou a primeira mulher a chegar a Câmara dos Deputados, sendo
pioneira da representativa feminina. Três anos depois, mais uma mulher se
sentou no plenário por meio da suplência. A ativista Bertha Lutz levantou bandeiras
relevantes, como a mudança da legislação trabalhista referente à mulher e ao menor de 18
anos, igualdade salarial, licença de três meses à gestante e redução da jornada
de trabalho, que na época correspondia a 13 horas.
A baixa representatividade seguiu até 1966, quando seis
mulheres conquistam uma vaga na Câmara. Mas a oscilação de representatividade
continuou até 2002, sendo que só a partir desse ano a presença feminina começou
seu processo de expansão contínuo a cada eleição. Ainda assim, o pleito de 2018
garantiu apenas 15% das 513 cadeiras para as mulheres, ou seja, 77 Deputadas Federais, sendo que
esta é a primeira legislatura em que uma mulher foi eleita entre os
parlamentares para também ocupar uma das vagas da mesa diretora.
Considerando que a população feminina no Brasil está estimada
em 51,6%, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) de 2017, se as cadeiras fossem distribuídas de forma condizente com a
população e não por habitantes por Estado, a representatividade da mulher
deveria ocupar pelo menos 250 vagas. Isso quer dizer que na legislatura atual
apenas 30% das cadeiras femininas são realmente ocupadas por elas.
Mesmo com conquistas lentas e uma representatividade mínima,
a Constituição Federal de 1988 já apresentou
conquistas femininas, como por exemplo a licença-maternidade, proibição de
diferença de salários por motivo de sexo e garantia de condições para que as
presidiárias possam permanecer com seus filhos durante a amamentação. De lá
para cá, a presença da mulher na Câmara dos Deputados agregou também outros
direitos conquistados:
Ano
|
Lei
|
2002
|
O Código Civil estabeleceu que os
encargos da família no casamento são assumidos mutuamente, pelo homem e
mulher, na condição de consortes, companheiros e responsáveis;
|
2003
|
A Lei 10.714 previu número
telefônico gratuito (Disque 180) em todo o País para denúncias de violência
contra as mulheres;
|
2005
|
A Lei 11.106 excluiu do Código Penal os
crimes de sedução e de adultério e o termo “mulher honesta”
|
2005
|
A Lei 11.108 garantiu às parturientes o
direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e
pós-parto;
|
2006
|
A Lei Maria da Penha criou
mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher;
|
2015
|
A Lei do Feminicídio qualificou o
assassinato quando a mulher é morta por questões
|
Mulheres na política e as reformas.
Trajetória das mulheres na política no Brasil
No ano de 1934, a professora Antonieta de Barros foi eleita para
a Assembleia de Santa Catarina.
Antonieta foi a primeira parlamentar brasileira negra. Após isto as
conquistas relevantes das mulheres na política ficaram estagnadas até 1979,
quando Euníce Michilis foi eleita Senadora.
A ascensão feminina ao poder executivo nacional se deu em 24
de agosto de 1982, quando Esther de Figueiredo Ferraz tornou-se ministra,
ocupando a pasta da Educação e Cultura. Em 1989 a primeira mulher concorreu à
presidência. Maria Pio de Abreu, do PN (Partido Nacional), participou da
corrida presidencial, mas não foi eleita.
A primeira Presidente mulher só foi eleita em 2010. Dilma Rousseff, do PT (Partido dos
Trabalhadores), venceu as eleições presidenciais no segundo turno, e
reelegeu-se em 2014, porém, foi afastada em 2016 através de um impeachment.
Como os índices de representatividade feminina continuavam
baixos, em 2009 foi criada a cota mínimo de 30% de candidaturas de mulheres.
Após algumas eleições foi observado que essas candidatas eram usadas como
“laranjas” pelos partidos, por isso, em 2017 foi elaborada outra lei destinando
também 30% dos recursos da sigla partidária, oriundos do Fundo Eleitoral, para
campanhas de mulheres. Essa medida foi estendida para o tempo de rádio e TV.
Analisando o cenário mundial, o Brasil ocupa o terceiro lugar
na América Latina na menor representação parlamentar de mulheres. A média
brasileira é cerca de 10% a menos que a média global, se mantendo desse jeito
desde 1940. Ou seja, além do atraso também é eminente a falta de avanço.
Ouçam as mulheres na política! |
A Importância delas
A ausência de igualdade de representatividade justamente no
âmbito em que se aprovam as leis, programas e políticas públicas, faz com que
debates como aborto, amamentação em público e igualdade salarial sejam
deliberados justamente por aqueles que não conhecem a realidade.
Consequentemente, essa sub-representação feminina acaba
impactando de forma negativa na elaboração e implementação de políticas
públicas que consideram a mulher como questão central. A ausência da mulher nos
debates a respeito dessas questões fundamentais, portanto, contribui para que
ainda hoje hajam consideráveis divergências que as prejudicam nos mais diversos
âmbitos.
Nesse sentido, é necessário a presença das mulheres na
política para que seja possível propiciar um debate mais abrangente e que
considere as questões femininas de maneira mais realista e profunda. Portanto, apesar dos progressos conquistados nos últimos
anos, muito ainda tem que ser feito para estimular a atuação feminina na
política, desconstruindo, de forma gradativa, essa desigualdade histórica que
permanece.
Sendo assim, para uma agenda mais igualitária, é importante
não só o comprometimento do Estado e dos políticos, mas também da sociedade
civil, no sentido de promover ações e estimular o debate dentro do nosso
contexto.
Gostou do post? Tem algum comentário? Deixe seu recado!
Alexandre Vieira, 23 anos,
acadêmico de Administração Pública
Nayara Magalhães, 24 anos, bancária e acadêmica de Administração Pública
Rafaela Dalago, 24 anos,
jornalista e acadêmica de Administração Pública
Já passou da hora de ocuparmos nosso espaço e decidirmos o que é ou não o melhor para nós!
ResponderExcluirMuito bom! Acadêmicos atuantes e preocupados com as pautas mais importantes.
ResponderExcluirMuito bom! 👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirUm assunto tão importante abordado com tanta sabedoria! Parabéns!
ResponderExcluirMuito bom, parabéns!
ResponderExcluirQue tema importante! O texto está ótimo!
ResponderExcluir